quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Corra da brisa que mata



Um filme sobre um evento catastrófico que gera pânico coletivo e obriga a população a se deslocar de uma cidade a outra para sobreviver não é lá mais novidade nenhuma em Hollywood, mas mesmo assim, esse foi o tema que M.Night Shyamalan explorou em Fim dos Tempos, seu mais recente trabalho. Não que a fórmula esteja tão gasta que não renda mais uma boa história, mas em se tratando de um filme de Shyamalan, isso só podia mesmo resultar numa arma nas mãos dos críticos, que farão com que tudo o que ele filme “possa ser usado contra ele no tribunal”.

A proposta da história em si chega a ser interessante, e de certa forma até inovadora, mas não escapa do inconfundível timbre que permeia as obras do indiano, em todos os seus vícios e virtudes. Mesmo que você tenha pego o filme pela metade e não saiba direito do que se trata, se já assistiu a qualquer outro filme do diretor, com certeza perguntará no final: é do Shyamalan?
O enredo trata de uma espécie de ‘epidemia’ misteriosa, que leva as pessoas ao suicídio coletivo em pleno Central Park. Todos param, desorientados, e de repente começam a se matar, calma e silenciosamente, sem esboçar qualquer desespero. A série de eventos leva o governo norte-americano a imaginar que se trata de algum tipo de ataque terrorista, onde alguma organização estaria espalhando pelo ar as tais toxinas capazes de induzir ao suicídio. Com a incerteza das reais causas do mal, a população em pânico logo trata de escapar rapidinho para as cidades ao redor.

No meio disso tudo, Mark Wahlberg interpreta Elliot Moore, um professor de ciências que tenta escapar do caos com sua esposa, a potencialmente infiel Alma (Zooey Deschanel). Embora eu pessoalmente ache Mark Wahlberg um bom ator, é difícil ver o cara enfrentar a situação sem imaginar que ele vá pegar uma arma logo em seguida e mandar alguma coisa pelos ares. Fica meio estranho, no mínimo lembra Tom Cruise em Guerra dos Mundos. Já Zooey Deschanel confirma a tendência de “Mr. Night” em usar mocinhas magérrimas, alvíssimas e com rosto anguloso, com um caprichado close-up extremo de vez em quando pra marcar a expressão facial.
Ainda com relação ao elenco, outro detalhe curioso está na mistura étnica que o cineasta sempre promove. Ao contrário de qualquer outra produção americana, os negros, os índios, os latinos e os asiáticos não estão ali apenas para 'cumprir cotas', eles dividem os papéis na mesma proporção que os americanos 'padrão' de Hollywood.

Outras características que também estão ‘sempre lá’: a trilha sonora marcante, os diálogos arrastados, seguidos de grandes pausas dramáticas e às vezes meio sem sentido, os sustos nas horas mais inesperadas, os momentos de humor e, é claro, o vilão invisível, que na minha opinião é o motivo de tanta gente detestar o diretor. Basta assistir O Sexto Sentido, Corpo Fechado, Sinais, A Vila ou A Dama na Água para comprovar. O espectador fica esperando pelo vilão, que anunciará o gran finale, e quando ele vem, não aparece mais do que trinta segundos na tela e já vai embora, de forma tão estapafúrdia quanto quando apareceu, e deixa uma lacuna que poderia ser preenchida com uma continuação. Neste caso específico, naturalmente o vilão é ainda mais invisível do que os outros, mas causa o mesmo efeito.

Mas não foi de todo o mal promover a idéia de 'o vento' ser o vilão do filme. Mesmo sendo visualizado apenas como uma brisa que bate no meio do mato em direção aos personagens, serve para ilustrar a idéia de uma 'revolta da natureza', que resolveu castigar o homem pelos abusos ao meio ambiente. De resto, se você gosta do diretor, é garantia que vai amar o filme; se não, alugue apenas pra depois tirar um sarro daquele seu amigo que é fanático por M. Night Shyamalan!

Fim dos Tempos
(The Happening)
Gênero: Suspense/Ficção
Direção: M. Night Shyamalan
Elenco: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo, Spencer Breslin, Ashlyn Sanchez.

EUA / India - 91 min. - 16 anos


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Escolha entre chorar de rir ou morrer de raiva


Nos últimos anos, um fenômeno tem se tornado muito comum na indústria cinematográfica, especialmente em Hollywood. Paralelo ao lançamento de cada blockbuster, pequenas empresas independentes fazem suas próprias versões trash do filme em questão, lançando diretamente nas locadoras o plágio daquilo que é exibido no cinema. Num exemplo clássico, podemos citar o auto-intitulado "mestre do terror" Ulli Lommel. Assim que superproduções como Dália Negra e Zodíaco foram lançadas nos cinemas norte-americanos, o "mestre" teve a pachorra de enganar um sem-número de incautos que visitaram as locadoras e encontraram os esperados filmes, ainda em cartaz, recém-lançados ali, na esquina de casa.

Porém, tal tipo de filme, singelamente apelidado de 'engana-trouxa', tem chamado a atenção do público, justamente pela tosqueira devido à falta de verbas no orçamento. Porque no final, não importa o gênero do filme, o resultado é sempre o mesmo: gargalhada atrás de gargalhada. E nesse quesito, S.W.A.T. 2 - Los Angeles em perigo, é hors-concours. A começar pelo título. Embora o nome original seja SWAT- Warhead One (ou SWAT - Ogiva Um, em tradução livre), o fato de acrescentar o "2" na versão abrasileirada foi uma jogada de mestre, já que o pessoal nas locadoras já foi pensando se tratar de uma continuação do primeiro, aquele que tinha Colin Farrel e Samuel L. Jackson. Mas ao botar o DVD pra rodar, que decepção! Ao invés do conhecido bonitão de Hollywood, encontravam o lutador de kickboxer e competidor de vale-tudo Olivier Gruner no papel de Luc Remy, um agente da SWAT que passou por uma experiência desastrosa, e agora tem que enfrentar seus traumas e recuperar uma ogiva nuclear prestes a explodir em L.A., além de derrotar o chefão terrorista Peng.

Falando assim, até que não parece tão ruim, mas espere pelos detalhes sórdidos. O primeiro item a destacar é a atuação, a mais apática possível, não apenas de um, mas de todos os atores! Exprimindo suas emoções à la Steve Segall, é como se eles estivessem constrangidos de estar ali, se prestando a aquilo. Outro destaque fica por conta dos (d)efeitos especiais. Garanto que quem assistir jamais esquecerá a cena da explosão do helicóptero. É daquelas cenas que a gente volta, vê de novo mais 2, 3 vezes e não acredita. Nem naquelas montagens dos anos 60 é possível ver alguma coisa tão tosca e bizarra. Até aquele seu sobrinho de seis anos de idade faria melhor, desenhando no laptop da Xuxa. Isso sem contar o incêndio simulado com luzes vermelho-alaranjadas jogadas na parede e uma chama azul de fogão no pé da tela, e as pistolas que não tem 'furos' nos canos!

Pra completar, a coreografia de luta é a pior que se pode imaginar: os vilões antecipam os movimentos e ficam esperando o mocinho bater, no melhor estilo "Os Trapalhões". E com aquele barulhinho clássico de soco, só ficam faltando os balõezinhos com Tum!, Pow!, Soc!. Numa das melhores cenas, Remy se depara com dois bandidos, um vestido todo em vermelho e o outro de branco. Após rendê-los, ao invés de apenas prender os dois, ele guarda a arma e parte pra porrada em cima da dupla. Ao começar a apanhar dos malfeitores, ele saca a pistola, rende os infelizes novamente, e adivinhe? Volta a guardar a arma e vai pra porrada de novo! E como se não bastasse, no final da cena, ao derrotar a dupla, um deles simplesmente desaparece, num erro de continuidade incompreensível. Isso sem contar, é claro, as montagens feitas a partir de trechos de filmagens alheias, como fazia o mestre Ed Wood. No final, eu estava chorando de rir, mas não sabia mais se por causa do filme em si, ou de pensar nas hordas de desavisados que devem tê-lo alugado pensando num filme sério. É com certeza o pior filme que já assisti na minha vida, e um dos mais engraçados também.

Enfim, daqui a alguns anos, com certeza SWAT2 figurará entre os clássicos do Trash plagiador, ao lado dos filmes de "Bollywood", a capital indiana especializada no gênero. Pra mim, já virou referência. Mas, antes disso, pense bem antes de alugar.

(P.S.: texto dedicado a Michel Calil, grande apreciador de tosqueiras como essas)

S.W.A.T. 2 - Los Angeles em perigo
(SWAT- Warhead One)
Gênero: Pseudo-Ação/Comédia/Trash
Direção: David Huey
Elenco: Olivier Gruner, Rebecca Ferratti, Gerald Okamura, Mel Novak

EUA - 100 min. - livre

Uma aula de cinema


O filme começa. Numa praça comum, senhoras de idade passeiam com seus cachorros, pessoas passam apressadas, o vendedor de jornais atende a mais um freguês, pessoas embarcam e desembarcam em uma estação de metrô, um jovem sai da estação, para em frente a um senhor mais velho, os dois se olham e o jovem dá um tapa nele. De repente, a ordem: Corta! As pessoas param, olham para o cara sentado em uma cadeira e começam a voltar para os lugares onde estavam no início da cena. Assim começa A Noite Americana, do - pra definir resumidamente em uma só palavra - genial François Truffaut.

Metalinguagem pura, o filme fala sobre as filmagens de um outro filme, o fictício "A chegada de Pâmela". Jacqueline Bisset encarna as personagens Julie/Pamela, sendo Julie Baker uma conhecida atriz que interpreta a jovem que viaja para conhecer os pais de seu noivo, e ao conhecer o futuro sogro, os dois se apaixonam. E o que isso tem de genial? Já no título (em inglês Day for Night e em francês La Nuit Américaine) fica evidenciada a artificialidade da história, já que esses são termos usados para designar o filtro especial que permite aos cineastas filmar cenas noturnas durante o dia. É o tipo de piada interna que nós, meros mortais que desconhecemos termos cinematográficos, não sabemos o porquê daquilo, mas quando entendemos o significado soltamos um sonoro ahhh tá...

Além disso, o filme é recheado de 'pegadinhas' que pegam desprevenidos os mais incautos. Uma delas é o fato de que o próprio Truffaut interpreta o diretor do filme, Ferrand. E não é só ele: Jean-François Stevenin, assistente de direção que trabalhou com ele em diversos outros filmes, também interpreta 'a si próprio', assim como outros colaboradores. Outra curiosidade é o fato de que parte das locações em que o filme foi rodado, em Nice, eram cenários abandonados de um outro filme, que o estúdio não mandou demolir simplesmente porque sairia mais caro.

E o que vemos é exatamente um raio-x do cinema, com cenas onde, por exemplo, é possível ver os trilhos por onde passeiam as câmeras pra fazer o travelling, armações de madeira segurando fundos falsos, mangueirinhas de sprinklers fazendo chuva falsa sobre as janelas, etc. Mas muito mais do que isso, o filme por detrás do filme revela um universo infinitamente mais amplo e interessante, com todas as mazelas que só um apaixonado por aquilo que faz pode aguentar. Problemas pessoais dos atores, como a atriz que bebe demais e esquece as falas, ou perder alguém importante da produção em plena filmagem, o estúdio pressionando para que tudo seja concluído o quanto antes, as verbas diminuídas que obrigam a apertar os cintos, problemas na adaptação do roteiro, tudo ao mesmo tempo, nu e cru - mas ainda mágico, como só o cinema consegue ser.

E sem querer, aos poucos o espectador descobre na tela uma aula de cinema, além de uma declaração de amor à sétima arte por parte do próprio Truffaut. Em uma das cenas, Severine (Valentina Cortese) tem que gravar uma cena importante, mas não consegue lembrar as falas. A cena é repetida várias vezes, e podemos acompanhá-la de diversos ângulos, mostrando as diversas perspectivas diferentes que um diretor pode escolher. Em outra, Ferrand liga para o maestro responsável pela composição da trilha sonora, que lhe mostra o trecho de uma canção. Enquanto ela é exibida, ele abre um pacote com diversos livros e os espalha pela mesa. Ilustrando as capas, e ao som da música romântica, mestres do cinema recebem a homenagem, como Luis Buñuel, Jean-Luc Godard, Alfred Hitchcock, Ingmar Bergman, entre outros.

Por essas e outras, com tantas referências e detalhes a serem explorados, pra definir resumidamente em uma só palavra, basta dizer mais uma vez que Truffaut é genial.

A Noite Americana

(La Nuit Américaine)
Gênero: Drama/Comédia
Direção: François Truffaut
Elenco: François Truffaut, Jacqueline Bisset, Jean-Pierre Léaud, Valentina Cortese, Dani, Alexandra Stewart, Jean Champion, Jean-Pierre Aumont

França/Itália - 115 min. - livre

Para um momento Suntory...




Cult por excelência – talvez seja essa a melhor definição para Encontros e Desencontros. É o tipo de filme que fica encostado na prateleira da locadora pegando poeira, pois quem assistiu e gostou fez questão de comprar o seu, e quem assistiu e não gostou faz questão absoluta de impedir que outras pessoas o aluguem (mesmo que essas outras pessoas sejam desconhecidos à procura de qualquer porcaria para um sábado à tarde).

Dirigido por Sofia Coppola (sim, ela é filha do “hômi”, e prima de Nicolas Cage), traz a história de Bob Harris (interpretado por Bill Murray), um ator decadente que visita o Japão para estrelar uma campanha de uísque, e que acaba conhecendo a bela, linda, estonteante, indescritível Charlotte (ai, Scarlett Johansson!), esposa de um fotógrafo workaholic. Vivendo temporariamente no país, e sem falar uma palavra de japonês, os dois logo acabam partilhando uma amizade que aos poucos se transforma em amor platônico. Portanto, para aqueles que procuram por cenas de sexo ardente ou paixões torrenciais, esqueçam. Se for o caso, alugue o filme da Leila Lopes, porque em Encontros e Desencontros, até os diálogos são contidos e com poucas falas. Mas isso só destaca ainda mais as atuações, e reforça o registro da solidão de duas pessoas que em diversos níveis não entendem a cidade onde estão - e por sua vez não são entendidas por ela.

Ironicamente, essa falta de comunicação causa uma espécie de isolamento em plena Tóquio, com suas ruas abarrotadas de gente o tempo todo. Mesmo assim, as belíssimas locações, a fotografia impecável e a trilha sonora sublime ajudam o espectador a entrar no clima e querer realmente conhecer a cidade. Alguns detalhes chegam ainda a dar um certo tom cômico, todos em cenas de Bill Murray, como no trecho em que Bob Harris assiste a um antigo filme seu com dublagens em japonês, ou quando participa de um programa de TV.

E num caso raríssimo, embora o título original Lost in Translation seja mesmo o mais apropriado, tanto a versão brasileira Encontros e Desencontros como a portuguesa O amor é um lugar estranho não ficaram tão más assim. E por enquanto é isso, que só de escrever essas poucas linhas já me deu vontade de assistir de novo. Lá vou eu...

P.S.: O título do texto se refere ao slogan usado por Bob Harris, "For a Suntory moment...", do uísque Suntory.

Encontros e Desencontros
(Lost in Translation)
Gênero: Drama/Romance
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Bill Murray, Scarlett Johansson, Anna Faris, Giovanni Ribisi

Japão - 103 min. - 12 anos

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Corre pra cá, corre pra lá... e nada!


Do início ao fim, A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos é uma correria só. Para não perder muito tempo, o espectador já é jogado no meio da ação, sem muitas apresentações dos personagens, o que acaba sendo bom - afinal, quem não conhece a história, que alugue e assista ao primeiro filme antes. Mas mesmo com todo o esforço para tornar o filme dinâmico, ele perde um pouco do pique em alguns momentos, e ainda fica longe de seu antecessor, especialmente nas cenas de ação.

Tudo começa quando o caçador de tesouros Ben Gates (Nicolas Cage) apresenta o diário de John Wilkes Booth, o homem que assassinou Abraham Lincoln. Ben explica que seu tataravô foi assassinado pelo bando que conspirou contra o presidente, após se negar a colaborar decifrando códigos desse diário. Antes de morrer, ele ainda consegue rasgar algumas páginas e atirar no fogo, evitando que o plano fosse executado. Acontece que nessa mesma coletiva, quando Ben mostra o tal diário, surge Jeb Wilkinson (Ed Harris), parente de John Wilkes. Ele possui uma página recuperada que não foi totalmente queimada, mostrando que na verdade, o tataravô de Ben estava envolvido na conspiração como o principal articulador do plano. E é aí então que Ben começa uma luta para provar a inocência de seu antepassado, enquanto de quebra ainda tenta achar Cíbola, a cidade de ouro.

Assim como na primeira aventura, há uma série de pistas e charadas a serem desvendadas, e que infelizmente, dessa vez foram usadas em menor número. Se no antecessor Ben Gates teve que quebrar a cabeça pra fazer deduções realmente ‘sherlockianas’, aqui algumas coisas ficaram bem óbvias, bastando apenas descobrir a pista principal. O resto veio de bandeja, através do livro secreto do presidente e de colaborações de Wilkinson. Apesar disso, esses quebra-cabeças tornam-se um diferencial para o filme, e o ajudam a se livrar do estigma de 'imitação de Indiana Jones'.

A grande mancada mesmo fica por conta do abuso de clichês, que tornam a história previsível desde a primeira cena. Destaque para três:

1 - O apelo ao bom e velho patriotismo americano. Num encontro com o presidente, Ben discursa sobre 'homens que amam e honram a sua pátria fazendo o que é certo', e é retribuído pelo comandante supremo da nação com um olhar de cumplicidade e aquele sorrisinho maroto. Nada mais típico do que pequenos discursos sobre valores morais, éticos e familiares nos filmes da Disney.

2 - O vilão que faz de tudo para alcançar seus objetivos. Apesar de muitíssimo bem interpretado por Ed Harris, logo de cara se nota que Jeb Wilkinson irá pagar por toda a maldade no final.

3 - O cara atrapalhado que só se ferra. Embora esteja listado aqui com as 'mancadas' por ser um esteriótipo, Riley (Justin Bartha) é um dos melhores personagens do filme. Todas as cenas engraçadas envolvem ele, que ajuda a manter o humor como uma das tônicas do filme.

Resumindo, A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos é um típico filme com o selo Disney, ou seja, feito para toda a família. Pode alugar e deixar a sua vó assistindo à tarde que ela não vai se constranger com nenhum palavrão ou cena de sexo inesperada no meio do filme. É diversão garantida, mas nesse caso, a impressão que fica é que eles economizaram em tudo para estourar de vez no terceiro filme, que com certeza virá.


A Lenda do Tesouro Perdido - O Livro dos Segredos
(National Treasure: The Book of Secrets)
Gênero: Ação/Aventura
Direção: Jon Turteltab
Elenco: Nicolas Cage, Diane Kruger, Justin Bartha, Jon Voight, Harvey Keitel, Helen Mirren, Ed Harris.

EUA - 124 min. - livre

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uma mistura de 'Os Outros' e 'Sexto Sentido'


Faz um bom tempo que eu tinha visto o trailer de 'O Orfanato', e lembro que na época pensei: "nossa, esse vai ser um filmão de terror de arrepiar, como não fazem há anos". Depois disso, nunca mais ouvi falar mais dele, e pra minha surpresa, sem querer esbarrei no dito cujo essa semana na locadora, e logo pude conferir o tão aguardado material. Quanto ao que pensei antes, digo: estava redondamente enganado. Não que o filme seja ruim, muito pelo contrário, apenas não era tudo aquilo que eu esperava. E sabe como é, quem fica alimentando expectativas...

O enredo gira em torno de Laura (Belén Rueda), uma mulher que quando pequena morou em um orfanato, e ao crescer, resolve transformar seu antigo lar de infância em um centro de tratamento para crianças deficientes. Durante a mudança, ela percebe que seu filho, Simón (Roger Príncep), começa a criar amigos imaginários, e passa a agir de forma cada vez mais estranha. Às vésperas de inaugurar o lar, numa festa, Laura é visitada por um dos amigos 'imaginários' de seu filho, que dá um sumiço no garoto. Depois disso, ela passa a se dedicar exclusivamente às investigações do desaparecimento de seu filho, enquanto tem que lidar com a indiferença do marido, que duvida de sua sanidade mental.

Claro que não vou contar o resto, afinal não sou chegado a spoilers, mas digamos que o final de O Orfanato é bem ao estilo de seu produtor, Guillermo Del Toro, aquele de O Labirinto do Fauno. Apesar de todos os clichês aparentes, como a casa mal-assombrada, a criança que 'see dead people' e tudo mais, nada fica muito óbvio, e a incerteza do que virá deixa uma certa angústia no ar. Ao contrário da maioria dos filmes hollywoodianos, que desfilam vultos e mais vultos a toda hora, aqui há muita economia nas aparições fantasmagóricas, e os efeitos especiais foram substituídos por soluções 'criativas', mas igualmente eficientes, como vozes assustadoras e portas que batem de surpresa. Destaque para as curiosas atuações de Geraldine Chaplin (filha de Charles Chaplin) e Edgar Vivar (Sr. Barriga/Nhonho do seriado Chaves), que fazem apenas uma ponta, mas justo numa das melhores cenas do filme, que chega a lembrar uma seqüência de Poltergeist.

Resumindo, O Orfanato não chega a dar medo, mas garante uns bons sustos, momentos de tensão e muito drama. Recomendado para quem tem medo de assistir filmes de terror e vira o rosto nas 'melhores' cenas.

O Orfanato
(El Orfanato)
Gênero: Terror/Suspense
Direção: Juan Antonio Bayona
Elenco: Belén Rueda, Roger Príncep, Fernando Cayo, Mabel Rivera, Montserrat Carulla, Geraldine Chaplin, Edgar Vivar

Espanha - 110 min. - 14 anos

Ta-daaa!


Yes baby, i'm back! Depois de um bom tempo inativo na vida 'bloguística', decidi voltar com uma idéia super original, e que tenho certeza que ninguém nunca pensou antes - um blog sobre cinema! É claro que existem zilhões de blogs a respeito, com milhares de aspirantes a Rubens Ewald Filho dando seus pitacos arrogantes sobre a 'sétima arte' e tudo o mais, o que me fez pensar bastante antes de decidir escrever sobre isso.
Sendo assim, até mesmo como forma de policiar o meu discurso, prometo seguir três diretrizes a cada crítica: 1- não falar como se fosse o dono da verdade absoluta; 2- fazer isso como hobby, de forma totalmente despretensiosa e amadora, e 3- aceitar gentilmente as ovadas e os tomates atirados contra mim quando for contrariado por falar mal de algum filme. Se bem que acho que falar mal mesmo será difícil, porque por mais que um filme seja terrivelmente malfeito, eu particularmente sempre noto algum detalhe que faça valer a pena fica aquela hora e meia sentado em frente à tela.
Outro detalhe é que não avalio por nota, nem estrelinhas, nem nada. Apenas dou minha opinião final quanto ao fato de valer a pena ou não assistir o filme, e posso até dizer que é imperdível, ou terrível, mas não vou ficar qualificando a partir de escalas. E se você concordar ou discordar da minha opinião, fique à vontade! Será um prazer lê-lo!